Alterações de nível fonético e fonológico
Nasalização:
Vogais que sucedem ou precedem consoantes nasais passam a ser nasalizadas. Exemplos:
PONTE [põtʃɪ] (nasalização de vogal que precede consoante nasal). MUITO [muitʊ]
(vogal nasalizada por suceder consoante nasal).
Alterações de nível morfológico
Passagem de verbos da segunda
conjugação para a terceira conjugação:
Caer
- cair
Confonder
- confundir
Correger
- corrigir
Traer
– trair
Muitos verbos de segunda conjugação
não passaram para a terceira conjugação, porém tiveram seus particípios
(terminados em UDO) alterados por causa da analogia com os particípios da
terceira conjugação (terminados em IDO):
Teúdo
- tido
Perdudo
- perdido
Conhoçudo
- conhecido
Alterações de nível sintático
Durante o período do português clássico
(que durou do século XV ao séculos XVIII) nota-se a substituição de haver por
ter: "haver inveja" para
"ter inveja" e "haver roubada sua terra" para
"ter roubado sua terra"
Alterações de
nível semântico
Por polissemia:
- A palavra gato,
originalmente um felino de pequenas dimensões adquiriu outros sentidos
como homem belo e método de furto de energia elétrica de fios e
postes.
- A palavra fazenda, originalmente coisas
que devem ser feitas adquiriu um segundo significado: coisas já
feitas por alguém, deste segundo sentido surgem as definições conjunto
de bens e haveres (visto que quando alguém faz algo, esse alguém passa
a possuir o que fez) e mercadorias e produtos, logo surge uma
quarta definição: recursos financeiros do poder público (ainda em
uso em expressões como Ministério/Secretaria da Fazenda). Da idéia de fazenda
como mercadoria ou produto, associassem-se dois novos conceitos: grandes
propriedades rurais (onde são gerados vários produtos agrícolas) e pano
ou tecido (principal mercadoria produzida em larga escala com a
Revolução Industrial)
Por metonímia e
metáfora:
- A palavra avião, do francês
avion, significava inicialmente ave grande. Logo adotada para
nomear o veículo aéreo.
- A palavra tela definia um
tipo de tecido usado para pinturas, com a chegada do cinema, a imagem era
projetada sobre uma retângulo deste tecido. Mesmo com a chegada da televisão e
outras formas de vídeo, o vocábulo se conservou.
- A palavra caneta foi
inicialmente usada para indicar um pequeno tubo, uma pequena cana, à qual se ajustava uma ponta para escrever.
- A palavra porco, originalmente uma espécie de animal e passou a indicar as
pessoas de pouca higiene como porcos.
Mudanças
pejorativas:
-
A palavra vilão tinha o significado
original de habitante de uma vila; devido ao preconceito contra os moradores
pobres das vilas, a palavra vilão foi se desenvolvendo até chegar no sentido de
malvado.
- A palavra criado tinha o sentido de uma pessoa órfã ou filha de pobres, que
era criada como filho por uma família, porém o “filho adotivo” acabava sendo
transformado em um empregado doméstico sem salário, a palavra criado adquire o
sentido de serviçal doméstico.
Mudanças
melhorativas:
- A palavra barriga era pejorativa, significando barrica (pequeno barril); com
o tempo porém, ela perde o sentido pejorativo e passa ser usada como sinônimos
de ventre.
Mudanças pelo
tabu:
- As
palavras vagina e ânus, vindas do latim vagina e anulus, significavam respectivamente vagenzinha (pequena vagem) e anelzinho,
eufemismos usados por causa do tabu sexual; atualmente, elas se tornaram termos
científicos amplamente difundidos.
Mudança por diferente contexto:
- Companhia significava apenas o oposto de
solidão; quando utilizada no âmbito do comércio, passa a ter o significado de empresa com vários donos.
Mudança por ampliação do significado:
- A
palavra armário indicava na Idade
Média um lugar específico para se guardar as armas; por um processo de
ampliação de significado, ela passa a designar qualquer móvel destinado a guardar coisas.
- A
palavra paquerar designava
especificamente observar pacas com intuito de caçar; num processo de ampliação
de significado, passa a indicar observar pessoas com interesse.
- A
palavra clássico indicava apenas os
autores e obras que eram lidos em classe (sala de aula); por um processo de
ampliação de significado passa a indicar qualquer autor ou obra aclamado ou
famoso.
Mudanças por restrição do significado:
- A
palavra paixão indicava qualquer
emoção profunda, positiva ou negativa (daí a Paixão de Cristo); atualmente,
houve uma restrição de significado e o termo paixão passou a indicar apenas
emoção profunda positiva.
Mudanças por equívoco de interpretação:
- A palavra missa não estava relacionada às cerimônias religiosas, era, porém,
o particípio passado do verbo latino mittere (terminado), que era enunciado
quando as cerimônias terminavam (“Ite missa est” - "Esta - cerimônia- está
terminada"). Os fiéis entendiam que missa era o nome da cerimônia, que
antes era celebrada em latim.
- A
palavra floresta tinha o significado
original de área do lado de fora da cidade e era escrita foresta; como a parte de fora da cidade normalmente era arborizada,
o povo entendeu que ela era derivada de flora e significava mata, daí sua forma e significado
atuais.
fontes:
http://www.iltec.pt/pdf/wpapers/2005-mhmateus-mudanca_lingua.pdf
(acessado em maio/2011)
http://www.filologia.org.br/soletras/2/11.htm
(acessado em maio/2011)
http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/bases-tematicas/historia-da-lingua-portuguesa.html
(acessado em maio/2011)
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