Fatores de
coerência na propaganda da marca 'Bombril'
A
propaganda da marca Bom Bril divulgada na época das eleições presidenciais de
2010 ativa em seu receptor um modelo
congnitivo, assim como o chama Ingedore G. V. Koch, do tipo frame, que
trás todo um conhecimento de mundo armazenado sob um "rótulo" que
chamaríamos de "eleições presidenciais 2010", onde, não pelos
elementos linguísticos, mas pela imagem contida na propaganda, há presença de
elementos que remetem a tal "rótulo". Esse conhecimento, porém, não
estaria presente em qualquer receptor, já que é partilhado entre o produtor do
texto e um número limitado de receptores (mais precisamente aos que estavam a
par do contexto - abrangendo a situação sócio-política da época de divulgação
da propaganda - das eleições presidenciais do Brasil de 2010, bem como dos
candidatos participantes).
No
que se refere aos elementos linguísticos, encontramos intertextualidades de
conteúdo implícitas, bem como intertextualidade de forma: a primeira em
"1001% dos brasileiros preferem Bom Bril", uma vez que o número dado
na porcentagem remete ao lema da marca
(Bom Bril tem 1001 utilidades) já divulgado em outras propagandas anteriores, a
segunda é encontrada ao fazer repetição do estilo de um tipo de discurso
específico: campanhas eleitorais que divulgam intenções de voto a um candidato
(pesquisas apontam) e propagandas de candidados propriamente ditas (Para um
Brasil mais limpinho, vote Bom Bril). O número da porcentagem também pode ser
considerado uma informação não previsível/não esperada, já que o óbvio levaria
ao número 100(%).
Os
elementos linguísticos e as imagens levam o receptor a inferir que há
unanimidade na escolha da marca, independentemente de da preferência do
'brasileiro' (de cada cidadão) quanto ao candidato a presidência (seja eleitor
de Dilma Rousseff, Plínio Sampaio, José Serra ou de Marina Silva), essa opinião
é possivelmente aquela que o emissor tem intenção de partilhar.
Ainda
que remeta (por sua intertextualidade) a uma campanha eleitoral, a propaganda
será reconhecida como propaganda, já que foca na divulgação da marca, e o
receptor, com seu conhecimento de mundo, reconhece tal objetivo e é levado a
uma leitura deste tipo de texto (propaganda). Logo, os enunciados são
relevantes, pois mesmo fazendo alusão a campanhas eleitorais, falam de um mesmo
tema: a marca Bom Bril.
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