domingo, 9 de novembro de 2014

RESENHA - Bem-vindo às quase clássicas de Laura Pausini



              A Itália é o berço de grandes nomes da música, embora nem todos são (re)conhecidos a nível mundial. Gianni Morandi, Luciano Pavarotti, Gianna Nannini, Mina, Ivano Fossati, Massimo Ranieri, mais recentemente, Tiziano Ferro, Laura Pausini, Eros Ramazotti, Andrea Bocelli estão entre os mais destacados. Poucos, porém ganharam fama fora da Itália. Nas duas últimas décadas, se destacaram por mérito Pausini, Pavarotti e Bocelli.
                Surgindo no cenário da música em 1993, quando ganhou a 43º edição do mais importante concurso musical da Europa, o Festival de Sanremo, Laura Pausini se tornou ícone da música italiana, sendo, nos países de línguas latinas (Brasil incluído), a maior representante da música de sua terra. Foi a primeira mulher italiana a ganhar um prêmio Grammy, bem como a primeira a cantar no Estádio San Siro (estádio de futebol  italiano que tem uma importância equivalente ao Macaranã para nós, brasileiros). Por tantas conquistas, é reverenciada por grandes nomes locais da música italiana.
                Seu décimo primeiro disco, chamado Inedito em sua versão italiana e Inédito em sua versão em língua espanhola, foi lançado no dia 11 de novembro de 2011. Tem tal nome devido, não às canções, que são, sim, inéditas, mas à maneira como foram escritas. Antes, acostumada a escrever canções em aviões, aeroportos e hotéis, por suas tantas apresentações pelo mundo e ainda sob pressão da gravadora devido ao prazo de entrega das músicas, Laura, em Inedito, compôs tranquilamente na privacidade da sua casa, aproveitando a pausa de dois anos que fez em sua carreira. Fazendo sucesso desde que tinha 18 anos, Pausini, no final de 2009, decidiu que queria conhecer "a vida normal", longe dos holofotes e dos microfones: "Muitas mulheres sabem cozinhar, passar roupa, costurar... Isso tudo eu aprendi. Fiz compras no supermercado, descobri quanto custa um litro de leite e verduras. E também fui ao banco pagar impostos. Eu fiquei muito feliz de fazer dois anos de pausa, mas não gosto da vida normal. Prefiro uma vida mais frenética, de cantora mesmo".
                As músicas melancólicas estão diretamente relacionadas ao nome Laura Pausini. Em inédito, porém, Laura esqueceu de vez Marco e deixou seus amores estranhos de lado para falar de otimismo, esperança, alegria e força.
                O primeiro single do álbum já nos dá as boas vindas: Benvenuto. Segundo a cantora, devem-se dar as boas vindas às pessoas verdadeiras que existem. E essa canção também nos atrai para o novo álbum. É a mais empolgante e animada. Já a música que dá título ao CD, Inedito, é a que mais se aproxima da batida rock, e conta com a participação da grande rockeira italiana Gianna Nannini. Troppo Tempo leva para frente quem espera há muito por um amor que não voltou mais, sem deixar de lado a esperança e o desejo, participa Ivano Fossati. Para cantar com Laura sobre a confiança que depositamos nas pessoas, ninguém mais adequado do que a pessoa em quem Pausini mais confia: sua irmã, Silvia, que demonstrou ter um tom de voz extremamente parecido com o da irmã famosa, quase nos confundindo, já que sem atenção não é possível perceber que parte da canção Nel primo sguardo cada uma canta. A última canção do disco, a de número catorze,confirma a posição: Ti dico ciao, uma homenagem a um amigo falecido da cantora.
                Laura Pausini anunciava este CD, antes de seu lançamento, como algo verdadeiramente inédito, como algo jamais visto antes em sua carreira. Acredito que houve um excesso de propaganda de sua parte. Após o lançamento, foi confirmado que, apesar de fugir da melancolia e da homenagem aos cantores/compositores italianos (como o fez em seu álbum Io Canto), seu estilo não variou tanto quanto era esperado. Trata-se de um disco a mais em sua carreira, que dá continuação a sua música de qualidade que ajuda a levar a Italia às outras terras.

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